sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

«Corações fortes e abertos»

      
"O Papa Francisco, na sua mensagem para a Quaresma, provoca a Igreja e o Mundo acerca da globalização da indiferença e exorta-nos com o Apóstolo Tiago: «fortalecei os vossos corações» (Tg 5,8), a fim de sermos ilhas de misericórdia no meio do imenso mar da indiferença humana.

Na Tradição e na pedagogia litúrgica da Igreja, a Quaresma é tempo de renovação e inaugura com dois elementos da natureza muito expressivos: a água e a cinza. A água remete-nos imediatamente para a vida, o Baptismo, a purificação; a cinza para a penitência, para o pó, a fragilidade da vida humana. Estes sinais sensíveis abrem-nos a um caminho marcado por alguns meios de santificação pascal, pessoal e comunitária: a oração, a escuta da Palavra, a lectio divina, o jejum, a abstinência, a caridade e a esmola. Todas estas formas de penitência se complementam em ordem a «preparar os fiéis, que devem ouvir com mais frequência a Palavra de Deus e dar-se à oração com mais insistência, para a celebração do mistério pascal» (Sacrosanctum Concilium 109).


A indiferença é vencida pelo Amor. Desafiados pelo ideal da globalização da misericórdia e da caridade na Oração, como nos convida o Papa Francisco, podemos rezar e participar na iniciativa “24 horas para o Senhor” que se realizará em cada diocese nos dias 13 e 14 de Março, como expressão da necessidade da oração e na comunhão da Igreja terrena e celeste.


Todos somos chamados a superar tantas formas de indiferença e dureza de coração. Nas paróquias e comunidades temos de experimentar a unidade e a comunhão, isto é, sentirmos por gestos e palavras que somos um corpo. O corpo tem de cuidar dos membros mais frágeis, pobres e pequeninos.



O Papa Francisco pede-nos para viver a Quaresma, este tempo muito favorável, como um percurso de formação do coração, como já convidava o Papa Bento XVI. Um coração misericordioso não quer dizer que é um coração débil. «Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro». Por isso, arrisca amar com um coração livre, puro, que nem se deixa contaminar com o bem que faz nem com o mal que possa praticar. Aproxima o teu coração ao coração de Jesus Cristo.

O desafio é mesmo viver a partir do coração, como escreve um autor italiano, Erri De Luca: «a capital do corpo humano não é o cérebro, mas o coração, porque de noite o cérebro desliga faz os sonhos que quer, enquanto o coração continua lentamente a bater».


O coração é o lugar do encontro! Felizes os que encontram neste lugar a Paz!
Queres ser um coração forte e aberto? Reza e ama na paz do coração!
Com um abraço fraterno


                                               + José, Bispo de Bragança-Miranda


(Escrito por Pastoral Juvenil. Publicado em Grão de Mostarda)

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